Pesquisar neste blog

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Contos Curtos



Doce de Nerópolis
(Gleison Gomes)

Conhecido era pelo nome Maisena. Negro, magro e de média estatura, trabalhava para um velho numa Kombi antiga vendendo doces pela rua. Fazia-se de motorista e ao mesmo tempo vendedor. Andava sozinho pelas ruas anunciando pelo alto falante as ofertas do dia. Parava aqui e dali, sempre atendendo as donas de casas a quem vendia aqueles doces. Agradava a todas com sua conversa e simpatia.
Um dia, indo por um caminho pouco comum no bairro, perto de uma mata, encontrou por acaso uma antiga amiga do colégio. Era uma jovem rechonchudinha, bem dotada de corpo e pernas a quem logo despertou sua atenção. Seu papo afiado e sua conversa envolvente, logo fizeram daquele momento muito mais do que uma simples venda.  Convidou-a para entrar na Kombi e partiram para um passeio naquele finalzinho de tarde de um dia da semana.
Andando pela rua, desviaram para um lugar sem saída, de pouco acesso nos arredores da mata. De longe observava-se os dois em completa harmonia, feito queijo e doce. Pararam a Kombi e logo não demorou muito para que eles passassem para a parte de trás do veículo. Arrumaram um espaço no meio de tanta mercadoria e ali mesmo ensaiaram umas cenas picantes de dar inveja a qualquer filme adulto. Vez ou outra dava para ouvir pelos alto falantes uns estranhos gemidos muito distante de quaisquer anúncios publicitários. Não se importavam com isso. Para eles haviam um momento único naquele lugar, que os levaram a lembrar os bons tempos do colégio em Nerópolis.
Chegada à noite, Maisena tinha que acertar o dia. Despediu-se e saiu sorridente para a casa do velho. Chegou com uma expressão de felicidade que levava a entender que tinha sido o melhor dia nas vendas. Final das contas faturara pouco mais de oito reais pelo dia inteiro. Surpreso pela felicidade e com o pouco rendimento o velho ficou sem entender nada.
 Para Maisena já não importava o dinheiro. Em sua mente permanecia o bom gosto e as picantes lembranças do seu rechonchudinho e farto doce de Nerópolis.

Para o amigo Edilson.

Nenhum comentário:

Postar um comentário