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sábado, 31 de dezembro de 2011

Mensagem de Felicidades

Aos amigos e amigas que passaram por este blog em 2011, deixo meu último recado do ano desejando a todos/as um ótimo 2012 cheio de alegrias, conquistas e realizações. Que continuemos a nos comunicar e que tenhamos um ano pela frente cheio de processos criativos a compartilhar.
Beijos e abraços a todos/as

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Cansaço



(Gleison Gomes)

Hoje neste dia, esperando a minha lida

pego este caderno,
                             escrevo poesias
expresso minha vontade,
                            de viver a cada dia.

Deixo aqui o meu cansaço, que na vida me angustia.

Vida a viva!

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Palavras


(Gleison Gomes)

Palavras
breve ensaio das nossas emoções.

Tantas vezes fortes, tantas vezes belas,
por aí suaves,
bonitas só por elas.

Servem ao amor,
que ainda existe nesta terra.
Contudo mal ditas,
alimentam muitas guerras.

Palavras são tão vivas
que se espalham pelas vias.
Vez ou outra em versos,
manuscritos e poesias.

São a elas que eu dedico
esta parte do poema.
És princípio, meio e fim
a essência deste tema.

Não deixe sua beleza
se perder em palavrões.
Alimente sempre a vida
dentro dos nossos corações

Palavras,
breve ensaio de nossas emoções.

São elas que escrevo e ensino a escrever
tuas letras são pra mim, como fontes de beber.
A ti eu dedico o meu amor e o meu viver.

Palavras,
simplesmente palavras.

Escritos sobre as árvores e as plantas.

(Gleison Gomes)


Já faz algum tempo que as arquiteturas das casas mudaram e com elas aqueles belos terreiros floridos cheios de vida.
Era agradável ver nos quintais dos vizinhos aqueles imensos canteiros com pés de plantas, flores e hortas que serviam às necessidades de seus moradores. Algumas medicinais outras de pura contemplação aos nossos olhos.
Passear pelas ruas era ver toda essa beleza presente nas casas. Ali do lado uma sombra de monguba, enquanto do outro, uma boa conversa sempre era improvisada pelos vizinhos sentados num banco debaixo de um imenso pé de manga. Pelas calçadas Flamboyants e Bougainvilles davam um colorido especial à rua. Em cima do muro, trepadeiras brotavam destacando um verde cercado á algumas casas. Toda essa cena acontecia ao som da molecada correndo de um lado para o outro, subindo e descendo galhos, imaginando brincadeiras na esquina da rua. Tudo era bom e criativo.
Nesta época haviam inúmeras árvores frutíferas nos quintais. Goiabeira, cajueiro, jabuticabeira, pés de cana, pitangueira, mamoeiro entre outras tantas espécies que abrigavam e serviam de alimento aos pássaros que por lá voavam, gritando e cantando, aproveitando a fome para bicar seu alimento diário. Ora ou outra me deparava com uma orquestra de periquitos roendo uma frutinha aqui, outra ali. Apesar do escândalo, era sempre bom ouvi-los.
Passado alguns anos – cerca de duas décadas mais ou menos – eu me vejo andando pelas mesmas ruas daquela época. A devassidão das calçadas tomou conta dos quintais. Não há mais espaço para as plantas ou para as árvores. É horrível olhar as mesmas casas e imaginar aquilo que foram um dia. Ora ou outra eu me pergunto sobre os antigos moradores daquelas casas. Aqueles mesmos velhos vizinhos que migraram das fazendas que rodeavam a recém capital surgida. Essas mesmas pessoas que nasceram subindo em árvores, que nadaram em córregos de águas límpidas, que nos contavam com profundo conhecimento popular os nomes daqueles passarinhos. Meus nobres vizinhos que aprenderam o valor de um pé de planta, da importância da água e do reaproveitamento de materiais que certamente hoje seriam lixo. Infelizmente as gerações presentes não aprenderam com os seus antepassados. Não tiveram o gosto de bem conviver com a natureza e com a vida.
Um mero detalhe que sempre me pego questionando é pensar no que foram estes lugares antigamente e ver no que hoje representam. Basta comparar uma foto antiga destas casas e quintais para perceber que o atual cenário nos leva para um calçamento desenfreado que tomou conta destes espaços. Cimentaram a vida fragmentando-a em pedaços, derrubando plantas e árvores, arrancando gramas e sepultando a viva terra com a tampa encimentada do caixão. O que importa à maioria das pessoas é que seu quintal esteje limpo, sem poeira ou lama para não gerar incomodo. Lacraram suas casas por todos os lados passando por cima da terra o cimento impermeável da desilusão. O céu chora seco e abafado as chuvas que não se renovam. O resultado irresponsável desta atitude é o superaquecimento gerado nos quintais e nas casas pelo calor do sol, além de não permitir que a água penetre na terra para se renovar. Acostumamos-nos com isso, a conviver com as velhas enchentes que se espalham pelas ruas levando nossos pseudo-sonhos aos bueiros.
É por isso que hoje escrevo. Escrevo saudosamente procurando em minha mente a sabedoria dos meus antigos vizinhos que só aceitavam calçar parte da sua casa, para que não perdessem de forma nenhuma o contato com a terra fria e úmida do oitão. Esses mesmos sábios vizinhos que me ensinaram o nome daquelas verdes plantinhas que serviam para fazer chá para qualquer tipo de enfermidade. Estas mesmas árvores e plantas que hoje procuro no chão daquela velha casa e não as vejo. Quisera eu que meus olhos lacrimejassem toda água suficiente para vos fazer ressurgir destes escombros de pedras.
Às novas gerações que não vos ama eu replico:
O problema não são as árvores e as plantas e sim a falta que elas nos fazem.


segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Ausência


I

Volta e meia se encontrava conversando com sua intuição. Pensava ele nas pessoas ausentes que haviam partido e dos conselhos que estas lhe dariam em certas ocasiões.
– Se acalme grande homem, só me retirei por alguns instantes desta vida. É necessário que continues a tua caminhada.  
Foi assim que imaginou através destas poucas palavras o seu velho avô lhe dizendo com fé e ternura algo que o confortasse naquele momento.
– Saia e fortaleças o teu espírito com a vida. Olhe para o mundo e aprenda mais sobre as coisas e as transforme conforme o teu bom coração deseja.
Não havia ninguém melhor para aprender sobre o ato de viver. Por anos aprendeu a fazer as coisas pela ação do que acreditava. Em seu coração movia um pensamento solidário pelos seus semelhantes. Procurava ajudar a quem quer que seja sem desejar nada em troca. Ansioso, inquieto e calado buscava transcender o mundo em que vivia. Pensou profundamente nas constantes conversas que travava com seu avô e antes de sair lembrou:
­ – Somente vá e encontre a porta para a tenra felicidade.
Saindo, partiu para aprender com a vida.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Avô(pai)

(Gleison Gomes)

Inevitável sei que a vida se finda. É o curso do seu rio.
Então eu choro,
mais uma vez a dor desta imensa perca.
Ao meu avô e pai,
posto meus sinceros agradecimentos por tudo que me ensinou.
Estarás lembrado no fundo do meu coração ao lado do nosso Pai Eterno que me fizestes amar nesta vida.
Vai com Deus e olhe por nós aqui na terra.
Amo-vos.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Decomposição

(Gleison Gomes)

Não se aproxime!
Estágios avançados de decomposição
Cabeças pensantes
de um mundo sem noção.

Políticos, corruptos, bandidos.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Comentários

Pessoal, muito obrigado pelas visitas ao blog. Tenho recebido um número muito grande de visitações durante os meses, principalmente neste último mês de junho.

Peço que deixem seus comentários para que eu avalie o conteúdo do blog. Podem postar suas críticas e elogios sinceros. Estamos abertos para o diálogo sadio.

Abraços a todos e todas os/as visitantes.

Gleison Gomes

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Dia Incomum

(Gleison Gomes)

Um dia esqueci do trabalho.

Saí pela vida enriquecendo-me de velhos amigos,
antigas manias, das ruas de terra e do meu pé
de Amora.

Eu tinha consciência destes  atos,
mas não da grandeza de onde poderiam me levar.
Eu redescobri a vida.

No dia em que esqueci do meu trabalho,
eu vi o sol se pôr.

Ao lado de Amora,
senti vontade de viver.
Cada dia, cada hora, cada instante.

Esquecimento

(Gleison Gomes)
Foi um dia qualquer. Levantou-se da cama cheio de vida. Respirando fundo e demonstrando uma disposição raramente visto nas pessoas, saiu do quarto, passou pelo banheiro a se arrumar e caminhou para a cozinha. Deu um beijo em sua mãe e pôs-se a comer uma bela fatia de bolo com café.
De longe ouviu o canto dos pássaros que passavam por ali toda manhã. Saiu pela área e lembrou das plantas que cercavam aquela casa. Viu naquele mesmo instante a oportunidade que há muito tempo não costumava fazer: molhar as plantas. Lembrou das Samambaias, da Jibóia, das Sete Ervas, do Amor Perfeito e de outras tantas plantas que não prestava mais sua contemplação. De longe, um olhar encabulado de sua mãe a observar.
Pegou sua bicicleta e saiu pela rua a pedalar. Tinha em mente visitar as pessoas que conhecia. Primeiramente foi até a casa da Raimunda para saber notícias. Lá, olhou o pé de manga que tantas vezes tinha subido quando criança. A horta estava verde, bonita como sempre.
Sobre uma velha mesa de madeira, ao lado da dona Fia e da Mundinha, soou uma conversa boa, que há muito tempo não tinha com aquelas idosas. Coisas lá do Norte. Lembranças da carne seca, do cuscuz com leite de coco, da tapioca com manteiga do sertão, da música de Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Jackson do Pandeiro. Quantas coisas, pensava ele, deixara de viver.
 De longe viu chegando o seu Leônidas trazendo em suas mãos um pedaço de queijo coalho que havia trazido de uma recente viagem que fez a Mossoró.  Ficou sabendo por meio dele das tias que se retiraram para aqueles lados. Conceição e Dona Isabel haviam se habituado bem por lá. Não pensavam mais em voltar a não ser por passeio. Mandaram-lhe um cartão com a foto de Padre Cicero Romão, desejando a todos nós muita saúde e Deus no coração. Deu vontade de chorar. Quantas saudades despertou. Jogou mais uns minutinhos de conversa fora e naquele momento se despediu do povo seguindo seu caminho. Ainda haveria um grande dia a aproveitar.
Pedalando pelas ruas tranqüilas daquele bairro, avistou na rua São Sebastião um grande amigo. Parou e se abraçando ao velho amigo Waltinho, despertou em sua mente novas lembranças da infância. Era uma época em que os dois colecionavam discos de vinil. Passavam horas e horas da semana garimpando discos raros pelos sebos da cidade. Boas lembranças que acabaram levando-o para a casa do Waltinho, na hora do almoço.
Chegando, ligaram o velho Gradiente e puseram-se a ouvir um clássico do Raulzito. A música era Ouro de Tolo.
“Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês...”
Sentiu graça ao ouvir esta música, pois incomodava-lhe algo que havia esquecido. Deixou pra lá, não fez questão de lembrar. Seguiu para a mesa onde a comadre Ilda servia o almoço. Sentiu o gostinho caseiro da comida que não comia há tempos por causa da rotina. Era um bife acebolado com um arrozinho branco e um feijãozinho de caldo grosso. Mais simples, impossível. Era tudo que desejava. Juntos, ali na mesa, lembraram causos e histórias da escola, da rua, das menininhas que conquistavam com suas conversas e do trabalho que davam a dona Ilda quando garotos. Todos riam lembrando de tantas coisas que se passaram pela vida. A tarde foi curta pra colocar tanta conversa em dia e para ouvir tantos outros discos raros que haviam por ali. Mas ele tinha que ir embora. Mais uma vez se despediu do amigo prometendo voltar outro dia. Saiu com sua bicicleta.
Subindo ás ruas, ouviu seu telefone tocar. Era Amora o seu grande amor. Trocaram conversas e resolveram se encontrar perto da faculdade onde estudavam para ver o por do sol. Lá era o lugar perfeito para contemplar tamanha grandeza da natureza.
Chegou ao lugar, deixou sua bicicleta de lado e abraçando Amora, sentou no chão batido de terra e de grama rala. Dizia do maravilhoso dia que havia tido. Falou das suas lembranças da infância, do encontro com os amigos, do sentimento que sentiu e do mágico momento que ali estava ao lado dela. Lembrava de muitas coisas que havia feito pela vida. Porém, havia um incômodo esquecimento em sua cabeça. Não se lembrava do que era. Nem tão pouco fazia questão de esforçar-se para lembrar.
Ficou ali com ela no silêncio. Abraçados, contemplaram o sol se pôr no horizonte, levando o dia. Aquele lindo e belo dia em que se lembrava de tudo, menos que teria que trabalhar.


quinta-feira, 16 de junho de 2011

Dráuzio Varella

"No mundo atual está se investindo cinco vezes mais em remédios para virilidade masculina e silicone para mulheres do que na cura do Mal de Alzheimer...Daqui a alguns anos, teremos velhas de seios grandes e velhos de pinto duro, mas eles não se lembrarão para que serve."

Amanhã ou Depois

(Gonzaguinha)

Meu irmão amanhã ou depois,
A gente retorna ao velho lugar
Se abraça e fala da vida que foi por aí
E conta os amigos nas pontas dos dedos
Pra ver quantos vivem e quem já morreu

Amanhã ou depois

(Luiz Gonzaga do Nascimento Jr)

Inimizades

Por um lado, ter um inimigo é muito ruim. Perturba nossa paz mental e destrói algumas de nossas coisas boas. Mas, se vemos de outro ângulo, somente um inimigo nos dá a oportunidade de exercer a paciência. Ninguém mais do que ele nos concede a oportunidade para a tolerância. Já que não conhecemos a maioria dos cinco bilhões de seres humanos nesta terra, a maioria das pessoas também não nos dá oportunidade de mostrar tolerância ou paciência. Somente essas pessoas que nós conhecemos e que nos criam problemas é que realmente nos dão uma boa chance de praticar a tolerância e a paciência.

(Dalai Lama).

Comodismo

(Gleison Gomes)

Alguma coisa nova?
Na verdade não.
Todas as coisas são as mesmas,
e adiante neste mundo, só me cabe aceitá-las.

Procuro a paz onde não existe,
a compaixão de longe está emoldurada numa lápide dizendo que jaz morreu.
A humildade se encontra embaixo dos implacáveis pés da arrogância,
já não consegue mais sair.

A preguiça de pensar e de se sensibilizar tomou conta deste povo.
Aceito a fome, a miséria, a covardia, o abandono,
a corrupção, a intolerância.
Tudo isso pra não dizer de outras coisas que por aí acontecem
e que já não mexem mais comigo.
Já não consigo mais falar.

Minha voz está rouca perante os ouvidos insensíveis deste mundo.

Eu mereço
Tu mereces
Ele merece
Nós merecemos.
Vós mereceis
Eles merecem.

Sobre tudo isso:
Será que só me resta aceitar este triste fim?

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Água de Beber

(Gleison Gomes)

Foi na construção de Brasília.
Era comum semanalmente aparecer entre aquelas vastas avenidas de terra, sempre alguma personalidade testemunhando este grande feito. Artistas, políticos, curiosos e empresários passavam muitas vezes por aquele empoeirado chão do cerrado goiano para ver tamanha ousadia. O que se via era trabalhadores oriundos de várias partes do país, labutando seu suor naquilo que seria o maior reduto da política brasileira.
Numa destas viagens, dois grandes compositores da época, resolveram á convite do arquiteto da obra, espiar de perto o sonho daquilo que diziam impossível. Da capital, voaram rumo ao planalto central aterrisando num campo de pouso improvisado. Numa velha camionete entre as árvores retorcidas, saíram pelas ruas a conhecer as obras durante toda aquela tarde.
Suas constantes conversas com o povo, entrosando ladainhas e lorotas ao fim do dia, lhe renderam um razoável conhecimento sobre as obras em construção. Foi numa destas conversas que ao avistarem uma bica jorrando água perguntaram:
– O que é aquilo?
Olhando para trás, para onde o poeta apontava o dedo, um trabalhador nordestino replicou:
– Aquilo? Aquilo é água de beber camarada.
Estas célebres palavras nunca mais sairiam de suas mentes.
Ao trabalhador, sem saber quem eram aqueles homens, jamais imaginou que aquelas simples palavras se eternizariam como um canto poético pelo mundo inteiro.
E assim se sucedeu...

sexta-feira, 10 de junho de 2011

PoNtES

(Gleison Gomes)

DIstaNteS cAminHos
que Me liGam ao SuRrEal.

RuAs ONde EnXerGO
poEsias.
AndANDo  Em TuAS pEdRAs,
BuSCandO SaBedorias.

Por CImA DesTAS PonTes,
ProcUro estEs VerSoS.
PLEnO AlívIO dOs PoeTas
InsPIRaÇÃo DiVIna que ProVém Das tuAs FOntEs.

INcAnsáVel  busCA Da aLma HumAna!

Na POEsiA,
A VidA
dIfeRente da ReAl

POdres PodeRes

(Gleison Gomes)

Insólito desejo de mudança.
Vejo estes velhos homens de ternos sujos
arrogando falhas mentiras sobre a vida das pessoas.
Quanto tempo ainda vamos ter que esperar?
Fétidos poderes que emanam da corrupção,
que por enquanto não tem poder
de acender
nossa
indignação.

Um dia ainda há de chegar...

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Pássaros Calados


 (Gleison Gomes)

Desculpe Amor,
mas eu preciso do silêncio pra viver.

Perceba nestes breves versos
meus raros, porém eternos momentos
ao teu lado.

Poucas palavras proferidas,
muitas vezes necessárias pela vida.
Instantes em que me encontro
tão próximo quanto distante deste mundo.
Incômodo silêncio do meu ser.

Me perdoe Amor,
mas o ensurdecedor  silêncio que te angustia
é o meu viver.
É nele que viajo léguas procurando
um sentido para a vida.
Não dá pra ver o mundo
senão por estes olhos.

Calados momentos.
Sozinho em teu colo o silêncio é inspiração.

É dele que preciso pra viver.

http://twitter.com/gleisongomesu2

AposTa


(Gleison Gomes)
Era seu costume semanalmente jogar na loteria. Por tempos construíra em seu pensamento um forte pressentimento de ser contemplado com um prêmio que mudaria definitivamente a sua vida. Simplesmente acreditava ser possível.
Na primeira semana daquele mês de março acumulou um considerável prêmio na Mega Sena. Era a sua oportunidade. Juntou os bilhetes que costumava jogar toda semana e pôs-se mais uma vez a repetir os números que rotineiramente jogava durante décadas. Nunca havia acertado mais que três números num mesmo bilhete durante todos estes anos.
Um dia pela madrugada, sonhou algo estranho do habitual. Imaginava-se dentro de um poço de bosta se afundando. Tentava de todas as formas procurar sair, mas não conseguia. Foi uma coisa tão forte que acordou assustado. Suado, sentindo frio, ficou a beira da cama procurando entender o sonho. Nada conseguiu.
Na manhã seguinte, meio preocupado, saiu a caminhar para o trabalho. Em frente ao bar da esquina, encontrou o senhor Candido, um exímio conhecedor de sonhos e simpatias. Era um velho amigo que não via há tempos. Angustiado, pôs-se a desabafar com o amigo. O senhor Candido logo não hesitou em lhe dizer:
– Isso é dinheiro! E olha que não é pouco não. Pra mim, bosta não tem outra relação que não seja com dinheiro meu amigo.
Repentinamente ficou perplexo. Do semblante sério e preocupado, surpreso, ficou alegre. Nestes poucos segundos fez uma breve relação do sonho com a aposta na loteria. Viajou longe em seus pensamentos. Saiu do bar agradecendo ao amigo e pôs-se a sonhar com aquilo que nunca pode ter em sua vida.
Por si só tudo era amargo. Saía cedo de casa para trabalhar numa construção como auxiliar de pedreiro, aonde chegava muitas vezes reclamando de dor nas costas, tamanho era o trabalho forçado que fazia. Parecia tudo aquilo, em muitas ocasiões, um poço de bosta na qual ficara atolado sem ter como sair. Era assim que via em sua aposta a esperança de mudar de vida.
Chegava o dia do sorteio. Ansioso, nem dormiu direito durante a noite. Saiu depressa pela manhã até à loteria para conferir o bilhete. Seus costumeiros números eram sempre o seis, o catorze, o vinte oito, o trinta e três, o trinta e cinco e o quarenta e sete. Feliz, viu coincidir o número seis. Depois, veio catorze e logo o vinte oito. Inexplicavelmente entusiasmado, mal esperava o que ainda viria.
Os últimos três números para seu azar, nada coincidiram com os sorteados. Frustrado, mais uma vez o que conseguiu foi somente acertar a metade do jogo. Seus sonhos de uma vez se desmoronaram. Nada levou da sua aposta. Mais uma vez, por mais de uma década, continuaria ele ainda no meio da bosta.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Os dias que passam...


Portas antigas, de madeira castigada ostentam ainda o ferro frio acariciado por um Sol de Dezembro. Fecham-se com ruído de ferrolhos em protesto, exibem o seu cansaço e esperam...
São portas de casas, palheiros ou moinhos que se abrem para vidas e promessas idas. Posam para a máquina como resistentes do tempo e das intempéries, presto-lhes homenagem e penso naquelas que se fecham sem ruído, em silêncio dorido... as da alma, do coração ou da memória.

publicado por Torradaemeiadeleite em http://torradaemeiadeleite.blogs.sapo.pt/2007/12/

Muito Bacana!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Saudades

(Gleison Gomes)

E se eu sentir saudades?
Mesmo assim, longe de ti,
te amarei.

Veja nesta saudade o meu desejo,
não é ela mais forte que o amor.

E se eu sentir saudades?
Mesmo assim, distante,
cada vez mais eu andarei.

E seu eu sentir saudades?
Bem longe de ti,
assim te buscarei.

Para minha querida Vivi.


NovO aNo

(Gleison Gomes)

Se teus sonhos não foram realizados,
que neste novo ano você possa realizar.
Se eles não foram realizados,
por falta de sua ação,
que Deus lhe dê a força e a coragem
pra seguir adiante o que deseja o teu coração.

Se teus sonhos não foram realizados,
não desista do que acreditas, pois ele virá.
Se eles não foram realizados
porque não ousou acreditar,
que Deus tenha misericórdia e piedade,
pois não se ganha um sonho sem poder lutar.

Se teus sonhos não forem realizados,
saiba que todos eles estarão guardados
num lugar profundo do seu coração,
esperando as portas de sua mente
se abrirem para pô-los em AÇÃO.

Escrito no ano novo de 2008 para 2009.
Dedicado a todos os amigos e amigas.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Um Olhar de esperança

(Maria Vitória)

Sempre vi um olhar de desespero
que sempre me deu medo.
Um dia eu vi um olhar de esperança,
que me trouxe paz, amor e muita segurança.

O olhar de esperança vem da alma,
é o que sempre nos dá calma.
É o olhar que me traz muita energia,
me enche a alma, principalmente de alegria.

Poema de Maria Vitória - 10 anos

Preces

(Gleison Gomes)

Valei minha Nossa Senhora,
Que com estes meninos vou ficar.
Peço tua benção,
Pra mim não “abestaiá”
O que lhe peço este dia,
E que os meninos possa estudar.

Vamos ver o que faço,
Pra estes menino aprender.
Mexer com a cabeça,
Pra fazer gente entender.
Que o que importa nesta vida
É as criança saber.

Saber que o mundo,
Só se pode ser melhor
Se cada um de nós
Com firmeza, saber de “cór”
Que quem não estuda
Não há gente pior.

Coitado daquele que brinca
Quando tá na sua escola.
Peço que nunca o veja,
Na esquina pedindo esmola.
Peço pra não ver
Nenhum cheirando cola.

Por isso estou aqui.
Pra Senhora agradecer.
Que pra mim esta manhã,
Vai ser um imenso prazer.
Com os meus versos de cordel
Fazer estes menino aprender.


SEU FRANCISCO E A CERVEJA

Gleison Gomes

Com as marcas do tempo
Estampadas em seu simples rosto
Vejo a ti
Velho.

Na manhã de uma linda quinta-feira
Sentado à mesa de um bar
Olho a tua ousadia
Meu caro velho.

A melhor companhia desta vida
Nesta fase que se encontra
Foi a de um copo de cerveja,
Na mesa deste bar.

Na tua idade muitos morrem em suas casas
Já não podem fazer muitas coisas.
Mas tu estás aí, vivo
Meu caro velho.

O teu remédio de todas as manhãs
Não é algo comum pra tua idade.
Mas isso não preocupa
Este fardo da tua vida.

Escrevo-te estes simples versos
Pra dizer que lhe admiro
Por estar vivendo desta forma,
Meu caro velho.

Parece-me não lhe assombrar
O gosto horrível da morte,
Que amedronta os fracos
Meu forte velho.
Que vontade é essa
De aproveitar o restante de teus dias?
Tu enamoras esta manhã
A sua mais bela companhia.

A companhia amarga
Desta loira conhecida,
Que não é indicada
Para o fim da tua vida.

Se um dia partires
Meu caro velho
E nesta vida não tiveres mais
Saiba que sentirei tua falta.

Das manhãs em que sentas,
Nas velhas mesas deste bar
Para degustar o amargo gosto
Do que foi a tua vida.

Escrito em 2008 para o Velho Chico.

Tango

(Gleison Gomes)

Envolva o teu corpo ao meu,
que o conduzirei ao caminho infinito do amor.

Sinta os meus braços aos teus
ardentemente num vôo
complexa emoção.

Encare teus olhos ao meu,
que descobrirei em ti
os desejos mais íntimos do teu coração.

Encoste teus lábios aos meus,
que encontrarás perdida no labirinto escuro do meu ser.

Envolva, Sinta,
Encare,
Encoste.

Bem juntos,
somente dance.