Pesquisar neste blog

domingo, 27 de fevereiro de 2011

" A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória
   propriamente dita "

 Mahatma Gandhi

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Arte Urbana

Muito bacana este vídeo sobre arte urbana. Vale a pena conferir e viajar na criatividade dos artistas de rua, muitas vezes marginalizados pela sociedade.



domingo, 6 de fevereiro de 2011

Sabiamente Gandhi falou...

"A terra tem o suficiente para as necessidades do homem, mas não para sua ganância."

Fonte:  Gandhi - Palavras Essenciais. Editora Agir, RJ, p. 11, 1998.

Contos Urbanos II

Pizzaria
(Gleison Gomes)

Não tinha grandes atrativos físicos em seu corpo. Calvo, baixo, olhar de coitado, fazia-se um bom orador na hora da enrolação. Ao seu lado, uma loira, magra, alta e com cara de poucos amigos. Tudo ia bem pela pizzaria.
De repente, outra loira.
– Oi meu amor, não sabia que tava mantendo dois relacionamentos?
– Você ta me seguindo?
– Não! Só estou visitando a pizzaria que você sempre me costumava trazer.
– A gente é casado?
– Não meu amor, só não precisa desligar o telefone, pois pra mim as coisas estão indo muito bem.
E antes de ir embora:
– Ah! Vê se não demora pra gozar viu, ela pode não gostar. Tchau amor!
Depois disso naquela mesa, somente a pizza havia sobrado. Totalmente  inalterada.

(Ocorrido pelos bares da vida...)

Inquietudes II

Busca
(Gleison Gomes)

Em busca de uma idéia,
Entre a luz e a escuridão.
À procura de palavras,
Neste imenso apagão.

Contos Urbanos I

Pregações
(Gleison Gomes)

Era uma distribuidora de bebidas comum senão fosse Eva, moradora da casa ao lado. Seu defeito? Tinha um péssimo hábito de pregar aos berros pelo menos três vezes por semana durante a tarde. Era um modo que encontrava de ser ouvida pelos etílicos de plantão. Abria o seu livro e punha-se ao microfone a gritar.
Perambulavam por ali boêmios, mendigos e trabalhadores em busca de uma boa conversa. Já estavam tão acostumados com o berreiro que nem ligavam mais.
Havia por lá um senhor idoso, morador de rua, conhecido por Zé Cachaça. Volta e meia aparecia no lugar sem dinheiro pra variar. Sempre ia ao encontro de algum “gente boa” que lhe pagasse uma dosinha. Em algumas ocasiões conseguia, em outras, era expulso por tanto aborrecer o dono do estabelecimento.
Certa vez o dono ficou sabendo que Eva estaria se mudando de lugar. Ficou tão contente que até deu de graça uma dose a Zé Cachaça. O problema era que Eva não tinha ninguém que a seguisse. Decepcionada, decidiu buscar novos rumos por outras bandas.
Um dia Zé Cachaça resolveu atentar o dono da distribuidora. Pelejou tanto por uma dose de cachaça, que acabou por levar umas vassouradas pelo corpo. O dono revoltado, dizia ser Zé o próximo encosto a sair de sua vida.
Mas naquela tarde, o Zé deu de se vingar.
Era a ultima vez que Eva falaria ao microfone pra alegria do dono. Até tinha um povo que ficou atento praquela ultima aparição. Quando a gritaria começou, Zé Cachaça saiu dum monturo de lixo com os braços abertos gritando aleluia. Meio desengonçado, falava em alta voz pra todo mundo ouvir:
 – Deus há de me guiar, que pra este lixo num volto mais.
Imediatamente Eva se aproximou de Zé Cachaça, colocando suas mãos sobre a cabeça do coitado, ungiu suas ultimas palavras àquele homem:
– Eita que eu ia embora, mas daqui não saio mais.

E assim continuou... Por muito tempo desta forma, morando na casa ao lado.


(Para o etílico amigo Paulão)

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Clarice Lispetor um dia disse...

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."

Que assim seja!

Assim hei de ficar...

Assim hei de ficar...

(Gleison Gomes)
                                     Em busca da vida repleta de sonhos, assim hei de cantar.
                            Em busca da esperança perdida, assim hei de andar.                     
Em busca da coragem escondida, assim hei de encontrar.  
Em busca da vida libertar, assim hei de lutar.                                                    
               Como a chama acesa de nossas vidas, sempre assim quero ficar.

(Por Gleison Gomes em Fevereiro de 2011)

http://twitter.com/gleisongomesu2

Identidade

 

Identidade

(Gleison Gomes)

Quero ser quem eu sou
Viver minha essência
Não mudo a minha imagem
Pra agradar a existência

Vou dizer que sou louco
Num mundo dito normal
Minha vida em loucuras
É muito fora do real

Sou eu um louco
Que não aceito ser igual
Igual aos homens
Deste mundo normal.

(Escrito em Setembro de 2007)


 

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Enquanto isso no Egito...




Pirâmides
 (Gleison Gomes)
                           No cume da pirâmide
Vejo o povo revoltado
                                 Ninguém mais já suporta,
Viver naquele estado.
                       A base do conflito,
É o povo angustiado.
                           Ouvimos o seu grito,
                                Já não ficam mais calado.
                          Da vida deste povo,
    O Poder tem debochado.
                           O povo não suporta,
         Quer ver tudo transformado.
                                                   Preste muita atenção,
 Por favor, fique ligado.
                                Pois nos falta a coragem,
 Do povo deste Estado.
                                     Pois no Brasil ninguém sabe,
O que é ser indignado.


(Exemplo de luta egípcia para os brasileiros que nada fazem contra a indecência do seu  salário mínimo e nada reclamam do salário de quem nos governa).

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Inquietudes I



Inquietudes
(Gleison Gomes)

Nestes raros momentos                                                                       
desta vida entediante.

Escritos,
Desenhos,
Poesias.

Artesanatos, Pinturas, Fotografias.

Subterfúgio de minh'alma pra criar.

Inquietudes muito fortes
pra'calmar.

(Fevereiro de 2011)
http://twitter.com/gleisongomesu2

Reflexões aos educadores de Goiás

Sobre o Comodismo e a nossa indignação.
(Gleison Gomes)

“Sonha e serás livre de espírito... luta e serás livre na vida.”
Esta importante frase atribuída ao grande comandante da Revolução Cubana Ernesto Guevara de La Serna, nos incita a refletir profundamente sobre os caminhos que nossas vidas vêm assumindo no seio da sociedade em que vivemos.
Notoriamente percebo no (in)consciente coletivo, a apatia e o comodismo que foram tomando conta de nossas vidas, tornando esquecidas nossas virtudes e a nossa capacidade de sonhar e lutar durante o decorrer da história.
Considero no mínimo desesperador ver no dia a dia de nossas apagadas vidas, a aceitação de todas as mazelas sociais, econômicas, espirituais, filosóficas e políticas presentes em nossa realidade. Preocupamos-nos tanto com o individualismo que nos permeia, que assim agindo, deixamos para trás as raras oportunidades da construção do coletivismo e da solidariedade de classe que tanto necessitamos. Tal fato, só induz ao reducionismo dos nossos sonhos coletivos, da nossa liberdade e da esperança que nos movimenta, nos isolando sem perspectivas de mudanças em nossa realidade material concreta.  A meu ver, a apatia e o comodismo são um mal que necessita mais que urgentemente ser extinto de nossas vidas, devendo ser substituída pela coragem e a ousadia, entorpecendo definitivamente desta forma, as estruturas mais complexas de nossas mentes.
Exemplificando melhor um breve panorama sobre este ensaio, analisemos uma rápida reflexão sobre a nossa categoria de profissionais da educação aqui no município de Goiânia.
Quantos de nós, diga-se de passagem, estamos cansados de reclamar com nós mesmos sobre as diversas injustiças que hoje nos são atribuídas? A questão dos baixos salários, a falta de estrutura de trabalho presente em muitas escolas do país, a indisciplina e a violência dos alunos e da sociedade, a descrença nos pseudos representantes sindicais da educação e o descaso dos gestores públicos e políticos com a educação, são parte de conversas em muitos momentos na escola. Pesares dores a parte, sem nenhuma discordância sobre tais questões que são motivos de nossas angústias, tenho em mente que só poderemos superá-las quando fizermos em nós mesmos uma revolução interna de nossas atitudes e pensamentos.
Na singela opinião que vos apresento, vejo que muitos profissionais da educação perderam sua capacidade de sonhar, de acreditar nas mudanças, de lutar coletivamente pelos seus objetivos, de ver o sentimento de esperança em nossa frente e o pior de todos os defeitos que considero: a de viver.
Recentemente na desgastante, porém incomodante greve que fizemos paralisar quase 100% da rede municipal de Goiânia, percebi em muitas escolas por onde passei juntamente com outros lutadores da educação, que boa parte dos professores acabaram se deixando tomar pelo medo, pelo comodismo e pela apatia de ir á luta. Nestas escolas, um dos casos marcantes em minha mente, foi a de um professor que trabalhava numa escola da região leste, que após o retorno das férias de julho – mesmo com a decisão da categoria em manter-se em greve – nos disse em conversa com o coletivo de sua escola, que não tinha mais sonhos, esperanças ou fé na vida de que estas coisas poderiam ser mudadas. Demonstrou-se apático em relação a qualquer mudança ou transformação em sua própria vida. Entristeceu-me e ao mesmo tempo me indignou saber que tal educador pudesse pensar assim a vida. E mais do que isso, pensar que através deste péssimo hábito de olhar a vida, seu exemplo pudesse atingir a mente de seus próprios alunos, contaminando-os com a hipocrisia presente na maioria de nós.
São perceptíveis aos nossos olhos que muitos fatos levaram ao medo e a apatia dos professores. Desde a inatividade de muitos professores, até os motivos de ordem financeira por conta do corte de ponto, da perca do emprego (ou da dobra) e da descrença que através da greve não poderiam obter nenhum resultado positivo para a categoria, o que de fato não é verdade. Aqui cito somente alguns dos mais diversos medos difundidos com tremenda velocidade por nós ao longo desta luta.
Não os julgo por tais atos. Porém, não posso deixar passar despercebido a estas pessoas como a difusão de seu medo contagiou em pouco tempo a maioria dos educadores. Percebi como é difícil para um grande grupo que se propôs a entrar de pés e cabeça nesta luta, contagiar seus semelhantes com a coragem, a ousadia e a fé que poderia nos levar a tão esperada vitória da nossa categoria. Não podíamos ter desistido, pois mesmo diante de tantas adversidades, ficaram marcados em nossas mentes notáveis momentos dos atos que incomodaram as autoridades políticas e administrativas da nossa cidade.
Eles, acostumados a sempre serem aplaudidos pelo povo, não esperavam por um grito de cobrança por suas omissões diante de uma educação precária em nosso município. Deparamo-nos em diversas ocasiões frente ao prefeito e à secretaria de educação, reivindicando nossas bibliotecas, nossas salas de informática, nosso piso salarial, mais concursos públicos, os planos de carreiras para os agentes educativos de Cemeis e funcionários administrativos, além de outros pontos de pauta.
Como era gratificante ver nos rostos da politicagem barata do prefeito e da secretaria, um semblante de terror diante da situação constrangedora por qual tinham que passar. Por muitas vezes durante estes meses que sucederam as nossas ações, muita gente teve que ver, ouvir e engolir a nossa única arma: nossos cartazes e o grito das nossas vozes.
Para mim, como faziam falta a participação massiva dos quase 15 mil funcionários da educação de Goiânia para engrossar o coro das vozes em busca daquilo que nos propusemos a lutar desde o dia 20 de maio. No inicio era muito contagiante a indignação e a insatisfação de todos em relação aos direitos perdidos ao longo dos anos desta gestão administrativa. Porém, esbarramos em um detalhe crucial, ao sermos iludidos á acreditar que nossas reivindicações seriam somente atendidas por meio dos parlamentares na câmara municipal. Levamos uma lavada feia dos vereadores e do prefeito, que no último dia do mês de junho fez com que fosse aprovada o projeto de piso salarial de R$ 1.024,00 por 30 hs. Fomos desacreditados neste momento de refluxo dos professores por conta das férias, a deixar de lado as reivindicações e manifestações de rua, para nos iludir com o discurso do sindicato de pressionar os vereadores para aprovar o projeto defendido pela categoria desde o começo da greve. Aprovado o projeto, desistimos da luta por considerar que a justiça decretou a ilegalidade das nossas ações, não havendo para muitos mais caminho a prosseguir.  
Infelizmente, desde cedo aprendemos um mal que vai seguindo nossos passos pelo resto de nossas vidas: a de achar que sempre aparecerá um grandioso herói para nos salvar de nossos problemas. Desde pequenos aprendemos a estar sobre proteção de alguém. Você já refletiu e pensou nos desenhos de super heróis que acostumamos a assistir quando pequenos e que chegam sempre na hora das nossas dificuldades para resolverem aquilo que julgamos não dar conta de solucionar sozinho ou coletivamente. Isso se assemelha quando em nossa luta, depositamos a nossa confiança em pseudos representantes da categoria e da politicagem eleitoreira, desacreditando na nossa possibilidade de juntos fazermos coisas grandiosas e reconquistar nossos direitos perdidos.
O pior é que diante de tantas pessoas que fazem à educação neste país, ainda não percebemos a força que temos em nossas mãos, preferindo em muitas ocasiões se contaminar com o medo, a apatia, o comodismo, a covardia que ora difundimos com veemência aos nossos colegas que ainda estão em processo de decisão.
Caminhando para finalizar este breve ensaio, voltemos á frase inicial de Ernesto Guevara: “Sonhas e serás livres de espírito... Lutas e serás livre na vida. Estas palavras, me fazem refletir profundamente o quanto precisamos ainda evoluir pessoalmente e coletivamente para alcançarmos aquilo que consideramos justo por nossa tarefa de educar.
Deixar de queixar-se primeiramente por conta da repressão e pelo peso da reposição vinda por parte da secretaria de educação, repetindo em ocasiões que não fará mais greve por conta destes desajustes, deve ser o primeiro passo. Se queremos ser livres de fato e um dia conquistar a tão almejada liberdade e autonomia na educação, devemos nos libertar primeiramente de nossas atitudes e pensamentos derrotistas, se empolgando definitivamente com a coragem e a ousadia de nossos sonhos para a luta. Se hoje há um pesado fardo em nossas costas por conta do nosso ato em lutar, mais do que nunca necessitamos de empreendermos na organização da nossa luta, de forma a voltar o cipó de aroeira no lombo de quem está a nos castigar, como cantou o grande músico e compositor brasileiro Geraldo Vandré em tempos de ditadura. Por fim, convoco a todo nosso povo para irmos á luta, para mantermos viva a chama acesa da nossa indignação, acreditando que nada é impossível de mudar.

“Quem tem consciência para ter coragem?”
(Secos e Molhados)

(Dezembro de 2010)