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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Água de Beber

(Gleison Gomes)

Foi na construção de Brasília.
Era comum semanalmente aparecer entre aquelas vastas avenidas de terra, sempre alguma personalidade testemunhando este grande feito. Artistas, políticos, curiosos e empresários passavam muitas vezes por aquele empoeirado chão do cerrado goiano para ver tamanha ousadia. O que se via era trabalhadores oriundos de várias partes do país, labutando seu suor naquilo que seria o maior reduto da política brasileira.
Numa destas viagens, dois grandes compositores da época, resolveram á convite do arquiteto da obra, espiar de perto o sonho daquilo que diziam impossível. Da capital, voaram rumo ao planalto central aterrisando num campo de pouso improvisado. Numa velha camionete entre as árvores retorcidas, saíram pelas ruas a conhecer as obras durante toda aquela tarde.
Suas constantes conversas com o povo, entrosando ladainhas e lorotas ao fim do dia, lhe renderam um razoável conhecimento sobre as obras em construção. Foi numa destas conversas que ao avistarem uma bica jorrando água perguntaram:
– O que é aquilo?
Olhando para trás, para onde o poeta apontava o dedo, um trabalhador nordestino replicou:
– Aquilo? Aquilo é água de beber camarada.
Estas célebres palavras nunca mais sairiam de suas mentes.
Ao trabalhador, sem saber quem eram aqueles homens, jamais imaginou que aquelas simples palavras se eternizariam como um canto poético pelo mundo inteiro.
E assim se sucedeu...

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